Imagem
João Fernandes, ex-director do Museu de Serralves, já tomou posse como director adjunto do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

Foi director do Museu de Serralves durante os últimos nove anos (2003-2012), sendo agora substituído por Suzanne Cotter, de nacionalidade australiana e inglesa elegida por concurso internacional, prática a que raramente se recorre em Portugal que o agrada bastante. Ao longe dos anos já colaborou diversas vezes com o museu Rainha Sofia, a última das quais em 2012 quando foi um dos organizadores da exposição ‘Locus Solus. Impresiones’ de Raymond Roussel, inaugurada a 26 de Outubro e que continua patente no museu até 27 de Fevereiro.

Em entrevista ao jornal diário espanhol ABC, João Fernandes revela que o convite para o cargo no Rainha Sofia foi feito pelo seu actual director, Manuel Borja-Villel, e que ambos partilham de opiniões semelhantes sobre “muitas coisas relativas ao mundo da arte, nos dias de hoje”, nomeadamente o facto de trabalharem “para que um museu não seja um mausoléu, mas antes uma entidade que desenvolve redes muito dinâmicas com outros museus.”.

Não esquecendo a importância do turismo, afirma que “o grande desafio é saber o que fazer com a gente que visita”, tendo como objectivo que cada espectador “seja mais lúcido, exigente e crítico quando se confronta com a obra de arte e que [a visita] não sirva unicamente para depois dizer que esteve lá”.

João Fernandes valoriza a forma como os espanhóis vivem o espaço público, referindo que em Portugal ainda há uma certa timidez nesse assunto. Revelando ainda que estas visões antagónicas condicionam a ambição cultural, exemplificando que na criação da colecção do museu madrileno “Houve um desígnio para a cultura por parte das estruturas de poder da sociedade espanhola; [ao contrário] em Portugal tem havido sempre um grande alheamento do poder político face à cultura”.

Por último, quando questionado se agora os visitantes do museu vão ver mais arte portuguesa, afirma que não está em Madrid como embaixador da cultura nacional, embora conheça “bem o contexto português, que é algo que creio não se conhecer bem em Espanha”.

Escrito por: Sofia Gomes



Leave a Reply.